Crianças segredos da convivência

Crianças segredos da convivência

Saiba como é importante brincar e interagir com outras crianças

Brinquedos para Bebê

Atualizado em 1 Out 9

3 min de leitura

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Pesquisas indicam que crianças que, desde cedo, interagem com amiguinhos na família, em creches ou nos primeiros anos do maternal e jardim da infância, evoluem emocionalmente, tornando-se naturalmente mais aptas a enfrentar o dia a dia escolar. Já crianças que, por qualquer motivo, tenham sido privadas da oportunidade de confrontar-se com sentimentos e escolhas emocionais, sendo teoricamente "resguardadas" por pais super protetores ou avós, acabam por transformar a rica oportunidade de interagir em dificuldades quase intransponíveis.

Agenda lotada. Mas, onde estão os amigos para brincar?

Muitos pais sabem da importância dos filhos praticarem algum esporte, fazer aulas de pintura, música ou outras linguas, mas esquecem do principal: a diversão!

O "brincar", em sua liberdade de simulação é uma ferramenta fundamental para que a criança teste e aprenda novas formas de interação social, respeitando regras e conhecendo a noção de limite. Na partida de futebol, descobre o prazer de agir em grupo, além de desenvolver ou aprender a identificar lideranças. Na casinha de bonecas, apresenta para os olhos mais atentos suas noções sobre sociabilidade e, muito importante a maneira como vê seus pais e familiares.

E quando se fala em brincadeira, um item fundamental vem a tona: a interação com seus amigos. A criança, através da brincadeira, precisa estar em constante atividade com colegas da mesma idade. Brincar sozinho, a maior parte das vezes, não terá tanto valor quanto estabelecer rotinas de interação com outras crianças.

Cada idade, claro, utilizará a brincadeira, e o brinquedo, de diferentes formas e objetivos. Segundo Jean Piaget (psicólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo do comportamento infantil) o brincar assume três fases diferentes, de acordo com as estruturas mentais e desenvolvimento da criança:

De zero aos dois anos de idade

Através dos chamados Jogos de Exercício, a criança vai adquirindo competências motoras e aumentando a sua autonomia. Troca o berço pelo chão, demonstrando alegria nas tentativas de imitação da fala. Tem grande prazer em descobrir seu corpo, limitações e sentidos. Através dos jogos de exercício, feitos inclusive na companhia de outras crianças, é fortalecida a auto-estima. Deste modo, constituem peças fundamentais para o desenvolvimento global da criança.

Entre dois e seis/sete anos de idade

Com o desenvolvimento pleno da fala e a capacidade de criar imagens mentais, as crianças enveredam pela descoberta da simbologia, onde surge o "faz de conta", as histórias, os fantoches, o desenho, o brincar com os objetos atribuindo-lhes outros significados, etc.

Interagir com o outro, num jogo simbólico é uma oportunidade única para a criança compreender e desempenhar papeis sociais que fazem parte da sua cultura (papel de pai, de mãe, filho, médico, etc.).

A partir dos sete anos de idade

Chega o momento que jogos de tabuleiro, ou aqueles praticados ao ar livre como pique-esconde e amarelinha ganham regras e com eles ocorre o desenvolvimento de estratégias de tomada de decisões. Através da brincadeira, a criança aprende a seguir estas regras, experimenta formas de comportamento e socialização, descobrindo o mundo à sua volta. No brincar com outras crianças, elas encontram os seus pares e interagem socialmente, descobrindo desta forma que não são os únicos sujeitos da ação e que, para alcançarem os seus objetivos, deverão considerar o fato de que os outros também possuem objetivos próprios que querem satisfazer.

O papel dos pais

Neste cenário é fundamental a participação dos pais. A vida moderna trabalha com um conceito cruel de substituição. A rotina, a pressão por resultados financeiros e profissionais, faz como que muitos pais, mesmo os mais bem intencionados,  tendem a substituir sua presença ao lado das crianças por atividades contratadas (a tal agenda lotada de cursos) e mimos eletrônicos como vídeogames e computadores.

Os pais ou adultos responsáveis podem (e devem) estar presentes. A única substituição aceitável é a da quantidade pela qualidade dos poucos momentos. Reserve uma hora e transforme-a no momento sagrado onde, através de leitura de histórias e jogos ou até mesmo um agradável período no sofá vendo o desenho preferido dos pequenos, você consiga despertar ideias, incentivando os filhos a procurarem, eles próprios soluções para os problemas que surgirem. Além disso, brincar com eles, procurando estimular as crianças e servir de modelo, ajuda-os a crescer.

Não se esqueça: o brincar reforça os laços afetivos e é uma das mais fortes e sinceras demonstrações de amor. A participação do adulto na brincadeira eleva o nível de interesse, enriquece e estimula a imaginação das crianças.

Mãos à obra. Ou melhor, à brincadeira!